Sinto a poesia, a vida, o olhar e a missão artística de Federico Garcia Lorca como uma conexão profunda com a terra e o corpo.
A escolha de A Casa de Bernarda Alba é um apelo contra o isolamento que aumenta no mundo. É, por isso, um libelo, um resistir. Regressam as “Bernardas Albas” crescendo à luz cruel dos nossos dias, como monstros que despedaçam vidas. As “Bernardas Albas” fecham as casas, que é como quem diz, as nossas instituições, e são a cada dia mais coercivas. As oportunidades não são iguais para todos. Propagam discursos onde subentendem mecanismos de repressão e censura como se defendessem liberdades. Fazem-nos confusos.
— João Garcia Miguel