Sobre o propósito deste concerto
No corrente ano de 2018, as Nações Unidas lançaram uma campanha de um ano em homenagem à Declaração Universal dos Direitos Humanos, que no dia 10 de Dezembro completará 70 anos. O CSIC associou-se à Assembleia da República e à Universidade de Coimbra nestas comemorações, preparando para o seu tradicional Concerto de Natal uma apresentação da Missa “Armed Man” – Missa pela Paz – do compositor galês contemporâneo Karl Jenkins.
Esta obra Coral e Sinfónica, de pendor assumidamente pacifista e ecuménico, baseia-se no texto da missa católica, à qual o compositor associou a canção popular medieval L’ Homme Armé, bem como textos de outras tradições religiosas como a Islâmica ou Hindu, recorrendo ainda a excertos de grandes nomes da Poesia e Literatura como Rudyard Kipling, Tennyson, Swift ou Sankichi Toge, poeta japonês vítima do bombardeamento de Hiroshima. Baseando-se a partitura também em várias referências da história de Música Ocidental, o resultado é uma reflexão pungente sobre a emergência dos conflitos bélicos, a escalada da violência e dos sentimentos nacionalistas e as consequências humanas e ecológicas da guerra moderna – culminando, nos andamentos finais, numa mensagem (musical e poética) de paz e esperança no novo Milénio. A interpretação da obra é acompanhada pela projecção do filme “The Armed Man” em sincronia com a interpretação instrumental e vocal.
Com as suas raízes nos dois grandes conflitos bélicos do séc. XX, esta Missa da Paz tem-se tornado uma das obras mais interpretadas neste início de Século XXI, tendo o CSIC tido a oportunidade de a apresentar, em Maio último, juntamente com centenas de coralistas de todo o mundo, no Concerto Comemorativo dos 100 anos do fim da Primeira Grande Guerra, no Royal Albert Hall de Londres. No actual contexto mundial de ressurgimento de movimentos políticos extremistas e nacionalismos baseados em discursos do ódio e de exclusão, importa recolocar a questão do Direitos Humanos no centro da actividade cultural, sendo que os dois grandes conflitos mundiais do séc. XX começaram precisamente pela alienação ou negação desses Direitos e Liberdades fundamentais, num sentido ou noutro, ou num contexto histórico ou noutro. O CSIC propõe-se assim dedicar o seu Concerto de Natal ao documento universal que traduz os fundamentos éticos das modernas Democracias.